quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A mulher fogosa do Jazz

Todo mundo já teve uma desventura amorosa-afetivo-sexual em sua vida. Quem nunca bebeu e terminou a festa brincando de São Jorge que suspenda o álcool. Alguns têm coragem de contar, outros levam esse segredo para o caixão e alguns outros contam só pro Fuca e ele tira um print screen e divulga pra toda a rede social-virtual. Eu me encaixo no último caso.
Se o meu problema fosse o excesso de álcool no corpo eu teria bom álibi, porém, na época eu não bebia nem vinho (e hoje eu bebo só porque o Dr. Raimundo falou que é bom pro coração). O que aconteceu foi puro instinto idiota mesmo.
Para quem não conhece ou não teve infância, o Jazz era a creche das perversões. Dificilmente se encontrava alguém com mais de 18 anos no recinto e era o point ideal para as crianças irem beber escondidas de seus pais e tirarem fotos pro flashoeste escondendo os copos.
E em um dia de tédio, resolvi ir me divertir no Jazz. Divertir era uma palavra meio pesada. Raras vezes lá tinha um showzinho de rock ou coisa de qualidade. Era sempre DJ alguma coisa e as mesmas músicas. Mas entre ficar em casa ou ir procurar umas piriguetes no Jazz, o instinto carnal falou mais alto.
Não posso deixar de citar as pré-festas. Ás vezes elas eram mais divertidas do que a própria festa em si e é numa delas que as cortinas do espetáculo que vou narrar se abrem. Quantas vezes já chegamos na porta e tínhamos que voltar pra carregar um amigo que passou mal e não conseguiu nem entrar no estabelecimento? Mas isso é outra história, agora é a história daquela menina.
Aquela menina que ninguém quer pegar, mas todo mundo já pegou. Aquela que te come com o olho e que é quente por dentro. Tão quente que você dá um abraço nela e seu filme é queimado instantaneamente e você nunca mais consegue catar outra mulher na vida. Aquela menina que não existem adjetivos negativos para denegrir a sua beleza, exatamente pela falta desta qualidade. Exato, essa mesma que você pensou.
Pois é. Lá estava ela sozinha, clamando por um príncipe encantando e mandando os amigos dela chegarem pra mim e falarem que ela estava super afim de mim e que estava apaixonada. Recusei, recusei, recusei, pens..., recusei, cheguei a cogitar uma hip... recusei e fomos pro Jazz. Ela, tonta, aperta minha bunda no meio do caminho. Assustei. Uma esquina depois ela tenta me beijar a força, empurrei-a, e ela começou a chorar. Meu pobre coração com buraquinhos ficou com dó. Chegamos ao Jazz, estava bem vazio. Olhei pra vizinhança não tinha nenhuma mulher acessível pro meu nível e sabia que ia sair de lá sem pegar nenhuma birisquete.
Resolvi vencer o preconceito e aceitar a missão de ficar com a mulher fogosa. Sabia que seria coretado no outro dia, mas como já estava determinado nem pensei em desculpas e iria assumir que fui fraco e que peguei a menina mesmo.
Enfim, vamos ao romance. Cheguei perto dela, falei oi e não lembro de mais nada. Só lembro da minha falta de ar, mas ao mesmo tempo meus pulmões recebiam oxigênio boca a boca. Lembro das minhas costas esfolando na parede, do gosto ruim de cigarro (sim, ela fumava) e deu tentando escapar mas a criatura parecia ter oito braços e me deu uma prendida das bens boas (ruins).
Após esse beijo ultrarromântico, virei de costas e fugi, fui dar uma voltinha. Ela me seguia por onde eu ia. Às vezes eu entrava no banheiro e ficava lá horas e horas, a danada na porta. Rezei aos céus para que ela fosse embora, nada. Um amigo meu estava com outra donzela e a gente ia subir junto. Finda a festa, saímos do recinto e enquanto ele dava uns pegas de despedida na menina, fui levar a mulher fogosa até a esquina.
No último amasso, ela olha pra mim e fala:
- Nossa sabe, gostei muito de ter ficado com você, foi como um sonho pra mim sabe. Você é tão gentil, educado, bonitinho, te achei muito especial.
- Obrigado – respondi e pensei em falar “digo o mesmo de você”, mas minha ironia não chegava a tal ponto – até que foi legal.
- Sabe, eu não queria muito ir embora porque eu tô sozinha lá em casa. Vou ter que dormir sozinha lá...
Na hora eu senti a indireta, mas como precisava de uma resposta rápida para a intimação a primeira coisa que veio a minha cabeça foi:
- Você num tem medo não?
Ela pelo visto não esperava essa reação minha. Ela fez uma cara de “e agora?” e respondeu:
- Uai, medo medo eu não tenho não, já to acostumada. Mas é ruim dormir sozinha né.
- Que bom então uai, se você já ta acostumada não tem problema. Boa noite e tenha bons sonhos.

No outro dia eu fui zoado não por ter pegado ela, mas por ter recusado uma oferta pecaminosa.

2 comentários:

Bruno Andrade disse...

kkkkkkkkkkkkkk

rialto!!

já conhecia o fim dessa epopéia, mas sé pelo print do Fuca, gostei da narrativa e quantidade de detalhes, foi possível "ver" a cena.

conte mais devaneios e estórias engraçadas da turma, aproveite e narre o fatídico dia que cancelaram o show do Anarkaos e fundaram o MKVera, pode ser?

abração!!

Fuca disse...

essa história é tão velha... Mas tão auto destrutiva!

Ainda irei contar o meu causo com a negona do pomar...Não chega nem aos pés desse... mas eu te faço companhia na auto destruição blogsferistica