sábado, 12 de dezembro de 2009

A batida de carne

Será que quem inventou as regras de etiqueta realmente acredita que o Silvio Santos não come coxa de galinha com as mãos e que a Sandy não tem coragem de catar pipoca do chão e comer? Não sei pra que tanta burocracia para tentar ser agradável para o público. Essas malditas regras são obstáculos para quem é convidado a jantar e ao mesmo tempo para quem esta recebendo visita e só servem para criar uma educação ilusória.
Uma vítima dessa necessidade de ser educado é o jovem Marquinhos, mais conhecido como Cafu (nome fictício; anagrama). Um dia, estando até altas horas da noite na casa de um amigo, sua mãe convidara-o para sentar a mesa e jantar com eles. Depois de recusar um pouquinho, ele aceitou a oferta e juntou-se a família para jantar. Se ele pudesse voltar no tempo, recusaria este convite com todas as suas forças.
A refeição estava apetitosa, exceto por um pedaço medonho de carne do qual Cafu não gostava e não estava apto a comer naquele momento. Ele olhava para o lado e via toda a família degustando-a com uma fome voraz, entretanto ele não tinha coragem de encarar e tentar engolir a carne. Pensou em dizer ser vegetariano, mas não colaria. Um vegetariano não coloca um pedaço de carne no seu prato. Queria deixar de lado, mas sabia que seria uma desfeita.
Milagrosamente uma ideia veio a sua cabeça: resolveu pegar um guardanapo e enrolar a carne nele sem que ninguém visse e depois colocou o petisco no bolso. Após concluir minuciosamente esta missão, finalizou sua refeição, agradeceu, e nem precisa citar que ele não quis comer uma segunda vez.
Altas horas da noite, o jovem Cafu decide voltar pra casa. Jovem ele já não era tanto, mas devido a sua baixa estatura física, sua idade caía para uns cinco anos a menos.
Enquanto caminhava por uma rua sombria e deserta, um carro da polícia parou ao seu lado e o abordou. O jovem, sem saber o que estava acontecendo e como não tinha nada a temer já que não portava drogas nem armas, resolveu não discutir e deixou que a polícia lhe desse uma batida rotineira.
Ele apenas esqueceu um pequeno detalhe que estava escondido no seu bolso. Quando o policial colocou a mão lá dentro e tirou um embrulho todo enrolado num guardanapo sua cara de satisfação foi tremenda e ele logo foi dizendo:
- Olha só o que temos aqui! Achamos um maconheirozinho de uma figa. Isso não são horas para ficar andando com drogas por aí. Vamos lá, me diga logo onde você conseguiu isso e o que estava fazendo com essa droga...
Porém a fala do policial foi interrompida pela sua própria cara de indignação quando abriu o pequeno embrulho e encontrou lá dentro um pedaço de carne, em contraste com a vermelhidão de vergonha da face de Marquinhos.
Sem saber o que dizer em sua defesa, Cafu optou pela verdade, por mais ridícula que ela fosse, e contou para o policial como aquela carne foi parar no seu bolso. Se o policial acreditou ou não, ninguém nunca saberá. Mas que ele ficou sem palavras para argumentar com Cafu, isso não gera dúvidas.

Um comentário:

Fuca disse...

Tudo errado... ainda bem que eu sei exatamente oque aconteceu...