terça-feira, 22 de novembro de 2011

#19 - Yo soy Rebelde

Yo soy Rebelde

Houve um tempo em que ser rebelde não era uma novela sobre adolescentes riquinhos com problemas de relacionamentos. Ser da mesma sala de aula, por quase oito anos, era praticamente uma irmandade já. Todo mundo sabia onde todo mundo morava, iam sempre nas mesmas festas, conheciam todos os prós e contras da sala, eram cúmplices dos mesmos crimes e por aí vai. Mexer nesta estrutura familiar significaria problema.
Em meados de outubro, vários alunos estavam apertados para passar de ano e finalmente se graduarem no Ensino Médio. Havia casos em que de 30 pontos, eles precisavam de 27. E como estes alunos já têm mais dificuldade, seria praticamente impossível que eles conseguissem. Pensando no aprendizado dos alunos, a direção decidiu separar todas as seis turmas do terceiro ano e classificá-los por notas, para pode trabalhar assim de maneira diferenciada em cada turma.
Uma medida pedagógica até aceitável, mas não faltando três meses para a formatura, isso era inadmissível. Você passa oito anos da sua vida convivendo com praticamente as mesmas pessoas, para chegar na última curva antes da reta final e ter que gravar as suas últimas lembranças da vida escolar com pessoas que você mal conhecia, nenhum aluno do terceirão aceitaria isto.
Indignados com a prática, os alunos esperaram ver que a mudança realmente acontecera para começarem a planejar uma rebelião. Uma estudante chamada Naloi começou a liderar a força rebelde da escola para que algo fosse feito para deixarem as turmas como estavam. Um representante de cada turma tentou falar com a direção, mas esta não ouviu os estudantes e não quis voltar atrás em sua decisão.
Afoitos com a situação e querendo farrear, os alunos tomaram uma decisão rebelde: ninguém iria assistir aula até o momento em que as turmas voltassem ao original. Os dois primeiros dias foram uma maravilha! Todo mundo farreando nas quadras, ninguém na sala de aula, jogatina esportiva a manhã inteira e muita diversão. A direção da escola não sabia o que fazer para reverter a situação e trazer os alunos de volta para a classe.
Professores mais terroristas tentaram comprar os alunos com provas surpresas e trabalhos avaliativos, mas os nerds já haviam passado no terceiro bimestre e os que não passavam já estavam conformado com as dependências, então não adiantou porcaria nenhuma.
No terceiro dia de greve, já estava até dando vontade de matar a quadra e assistir um pouco de aula, mas a força rebelde falou mais alto e os alunos desmotivaram-se rapidamente e voltaram a prática desportiva.
Para piorar a situação, os grevistas não podiam deixar de convocar a imprensa, esta que compareceu prontamente. Achando que o motivo da rebelião era grave, eles devem ter ficado desapontados quando descobriram que não passava de uma birra de alguns menininhos que haviam sido mudado de sala.
No quarto dia, a direção já estava com bastante raiva dos alunos e decidiu passar pra agressão verbal e para ameaças do tipo “ou vocês voltam pra sala de aula agora ou serão expulsos da escola e perderão todo o ano letivo!”. Leiga ameaça. A peteca continuava muendo, raquetes agrediam bolas de tênis, a bola de vôlei cruzava a rede e as salas de aula continuavam vazias.
No quinto dia, alguns mocorongos começaram a assistir aula: “O vestibular está chegando, preciso da aula de História para me dar bem no exame”. Este cara está trabalhando em uma fábrica de costura. “Nossa, o Saulinho de Química vai dar trabalho, preciso de ponto para passar”. Atendente no Bazar Guri. “Ai gente, vai que eles expulsam a gente né, já cansei de ficar aqui na quadra de bobeira”, do lar.
Outros permaneciam firmes na decisão: “Todos os meus amigos estão aqui, só volto quando nos botarem na nossa sala antiga”. Sargento do Exército. “Estou pouco me lixando pra pontos e pra notas, quero é aproveitar meu último bimestre como estudante”. Aluno cursando mestrado em engenharia. “Fuck the system!” Médico.
Mas pouco a pouco a coisa foi apertando. Vários traíras começaram a ceder às ameaças feitas pelos professores e desertaram para as salas de aulas, com o intuito de aprender em dois meses o que eles deixaram de aprender durante onze anos. Sem opção, o grupo rebelde começou a desistir da birra e resolveu aceitar a medica pedagógica, porém com uma última condição: Queremos uma festa de formatura conjunta com todas as seis turmas e nas fotos do convite de formatura gostaríamos de sair na foto com nossa turma antiga.
A greve a princípio não teve resultado nenhum e todos saíram derrotados, mas o que aconteceu foi estranho e bonito. O bloqueio que o povo tinha contra novas amizades foi quebrado e a interação entre todas as seis turmas aumentou de força exponencial. A festa foi épica, mas isto é caso para outro causo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

#18 Testemunhas de G-ová

Título alternativo: Primeiro de abril

(nota do autor: fiz esse com muito sono e não teve 5% da graça do que teve no original)

É muito difícil alguém cair nas piadinhas de primeiro de abril, ainda mais que a segurança anti-mentira fica redobrada nesta data. Mas quando a pessoa é sagaz, como o caso do jovem garoto chamado G-ová, esta data pode criar um brainstorm na cabeça de muita gente e fazer ela viver fora da realidade por alguns bons minutos.
Tudo começou, no dia 31 de março, quando uma menina solitária que queria amigos convidou alguns jovens que ela conhecera no dia anterior para irem em uma festa na sua casa. Como ela falou as palavras proibidas “pode chamar quem quiser” é claro que a casa dela ficou lotada de estranhos e a festa bombou.
Bombou até na hora em que os vizinhos chamaram a policía e o estoque da festa ainda estava na metade. Sem ter para onde irem, o grupo partiu para a Praça da Matrix carregando toneladas de bebidas. A festa continuou no mesmo rítmo: gente tonta dando manota, garrafas de refrigerante barato sendo explodidas, risos e manotas denovo, até o momento em que G-ová resolveu dar um showzinho.
Primeiro, ele virou para o Cafu e falou que o Kuririn havia ligado para ele, querendo saber se Cafu estava na Praça, pois ele estava se dirigindo pra lá para quebrar a cara do infeliz. Cafu, cagado de medo pela ameaça, foi embora correndo sem nem ao menos se despedir do pessoal.
Para continuar na vibe do telefone, G-ová ligou para Kenshin e falou que o Tonho estava provando que o Makoto era gay e que o Makoto estava querendo cortar os pulsos na festa. Kenshin, que estava em uma festa de 15 anos, comendo e bebendo de graça, saiu correndo para tentar acudir a alma penada do seu amigo e quando chegou lá se deparou com G-ová rindo da piadinha de primeiro de abril (já havia passado da meia noite, por isso ele havia começado com as traquinagens). Kenshin queria matar G-ová só um pouquinho, mas preferiu voltar pra festa e esquecer que aquilo havia acontecido.
Depois disso, havia um carro que estava estacionado próximo à Praça e um homem ficava olhando para os festeiros. G-ová virou para um amigo seu que era homofóbico e proferiu as seguintes palavras:
- Urso de pelúcia, tá vendo aquele cara no carro ali? Pois é, ele falou que te achou uma gracinha e tá querendo ficar com você.
Urso de pelúcia ficou putão da vida e já queria sair correndo pra dar uma surra no rapaz alegre. Temendo o que poderia virar a mentira, G-ová tentou segurar seu amigo, mas Urso de pelúcia estava empurrando com força e gritando muito.
Nisso, um amigo de G-ová, pensando que Urso de pelúcia estava brigando com seu companheiro, já saiu correndo e começou a bater em Urso de pelúcia. Um amigo deste, vendo seu amigo apanhar, entrou na briga e sete segundos depois mais de vinte pessoas já estavam numa bola humana, batendo e apanhando de pessoas que eles nem sabiam quem. A briga durou um bom tempo, várias camisas foram rasgadas, alguns arbustos foram destruídos, mulheres choraram tentando separar, até que um dos lutadores fez a pergunta primordial: por que estamos brigando?
Todos ficaram sem entender ae foram justificando:’ eu briguei porque achei que você tava batendo nele” outro prosseguia “eu também achei que você queria bater nele e vim defender” e por aí foi até verem que a briga era idiota e sem sentido.
Depois deste susto, G-ová prometeu que aquela piadinha de primeiro de abril nunca seria revelada e sentiu as proporções gigantescas que sua mentirinha causou. Ninguém, exceto dois amigos que não tinham nada a ver com a briga, sabe que ela foi causada por uma gracinha de G-ová, caso contrário ele que apanharia de todos os convidados da festa.
Crianças, não repitam esta ideia, pode dar errado. Depois não adianta chorar o sangue derramado, como G-ová fez.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

#17 - Guerra Química

Essa semana eu passei muita raiva e para esquecer meus problemas comecei a escrever compulsivamente, então me desculpem por ter feito 4 contos em três dias. Eu preciso deste escapismo, senão.... gosto nem de imaginar. Minha meta são 24 contos, já estou quase lá! Este é meio sem graça mas eu tinha que registrar essa história, pq ela foi épica.

Guerra Química

Se tem uma verdade absoluta no mundo ela é a música Química do Legião Urbana. Não existe matéria mais amedrontadora do que essa de jeito nenhum. São pouquíssimos os alunos do Ensino Médio que dizem gostar desta matéria e as provas dela causam noites de insônia em muitos corpos durante a noite.
Os alunos da escola SauloCovarde sofriam diversos problemas com a disciplina, ainda mais por serem alunos do professor Saulinho, o carrasco mor da cidade de Santana do Livramento do Sudoeste, onde se passa esta estória.
O professor era muito nervoso e durante os 50 minutos de aula, os alunos apenas ficavam balançando a cabeça, concordando com o que ele dizia. Várias vezes ele fazia algumas gracinhas e pegava os alunos, como da vez em que ele disse:
-A fórmula da água é H20 não é?
- EEEEEEEEEEEEE - respondiam os alunos em unisono.
-A do oxigênio é O2 né?
- EEEEEEEEEEEEE – continuava os estudantes dedicados.
- O carbono faz vinte ligações não é?
-EEEEEEEEEEEEEEEEEE....
- Só se for na puta que pariu! Quando vocês vão criar vergonha na cara e estudar....
E dessa forma seguia dando torra por uns vinte minutos.
Saulinho também era uma galentedor. Qualquer ser do sexo feminino era cortejado pelas suas canções amorosas e piadinhas infames.
O professor distribuia seus pontos da seguinte forma: metade em trabalhos e metade em uma prova. Quem ia às aulas, fazia todos os trabalhos, automaticamente já ganhava estes 50% das notas. Agora tirar 10% nas provas era o pemba! Eram dois alunos entre quarenta que conseguiam a façanha. Ninguém nunca passava com ele no terceiro bimestre e até os nerds choraram, suplicando por piedade.
Eis que em certo ano, no quarto bimestre, 95% dos alunos precisavam tirar mais de 70% na última prova do Saulinho e todos já contavam com uma recuperação ou dependência, até que o professor, muito gentil, resolveu ter a caridade de dar uma aula extra no turno noturno em um dia antes da prova para que os alunos tivessem a última oportunidade de aprender a matéria e não ficarem ali na escola mais um ano.
Na véspera da prova, a sala inteira estava presente para a aula extra, mas mesmo assim ninguém conseguia entender bulhufas da prova. No meio da aula, Saulinho sai para tomar um café e todo mundo fica lá, tentando fazer um exercício impossível, até o momento em que Godric, um dos alunos mais calados da sala, levanta da sua carteira, vai até a mesa do professor e abre um envolope que lá repousava. Ele tira um papel lá de dentro e le o cabeçalho. Em seguida ele sai correndo enfiando o papel dentro do bolso e sentando na sua cadeira tremendo friamente. Ele só abre a boca e diz:
- É a prova de amanhã!
Todo mundo começou a ficar inquieto, ainda mais pelo fato do professor já ter voltado para a sala. O desespero absoluto levou Godric a fazer o roubo e naquele momento todo mundo da sala queria ser o melhor amigo dele. Uma aula nunca demorou tanto para acabar. Ninguém mais prestava atenção nas explicações do professor, só queriam saber como fariam para pegar uma cópia das questões com Godric, o que seria a última esperança para que todos pudessem formar e ser felizes.
Terminada a aula, todo mundo saiu correndo para o mesmo portão que Godric saia e foi preciso caminhar uns quatro quarteirões até ele criar a coragem de tirar o papel do bolso novamente. Ninguém nunca viu a sala tão unida como naquele dia. Os caxiões fizeram um mutirão para tentar resolver as cinco questões da prova e o resultado foi lamentável: os cinco maiores cérebros da sala conseguiram fazer apenas uma questão e meia.
Já eram 10 horas da noite e a prova seria na manhã seguinte, às 7 horas. A coisa estava preta! Até alguem falar que conhecia uma professora particular e que pagando uns vinte reais ela faria a prova para a gente. A sala inteira fez uma vaquinha (cinquenta centavos para cada) e foi de mutirão para a porta da casa desta salvadora de vidas, que teve a benevolencia de fazer a prova. Tempo passa e tempo voa, todo mundo só queria saber como fariam para copiarem as respostas para montar sua cola particular. Outra salvadora da sala diz:
-Na minha casa temos fax! Dá pra tirar xérox para todo mundo. Meia noite e meia, a sala inteira na casa dela esperando o fax fazer as cópias.
No dia seguinte, todo mundo tenso e cada um mostrando suas habilidades em mocar o papelzinho com a solução das questões. Alguns colocavam na bolsinha, outros colavam na tabela periódica, alguns já haviam memorizado todos os enunciados das questões, e por ai vai. Batia aquela ansiedade no peito de “será que vai ser a mesma prova?” “Será que ele irá desconfiar?”. Até o momento em que ele pega o envelope e entrega as venenosas. A primeira pessoa a receber só olha para o papel e faz um gesto de “yes” com o braço e a sala inteira abre um sorriso resplandecente. Enquanto Saulinho entregava as provas, ao chegar à penultima carteira, ele se depara com apenas uma prova sobrando no envelope. Logo ele já diz:
-Está faltando uma prova! Eu tenho certeza que mandei xerocar 42.
Deu pra sentir o suor escorrendo na testa de todos. O silêncio reinou na sala até o momento em que ele pede a um aluno ir até a secretaria pedir uma cópia extra.
A prova decorreu num ritmo lindo: todo mundo escrevendo sem parar. Muitos queriam ser o primeiro a entregar, com medo de que o professor desconfiasse quando visse todas as provas respondidas da mesma forma. A questão é que todo mundo ficou quietinho, fez a avaliação e entregou a prova na maior cara de pau. Se Saulinho descobriu ou desconfiou do crime, ninguém nunca vai saber, mas a conclusão é que só dá pra vencer a química por meios ilícitos, e a turma do Godric conseguiu realizar esta façanha graças a uma intervenção divina, pois após este fato ninguém mais acreditava na Química, somente no poder de Deus.

#16 - O aluno desletrado

O aluno desletrado

Esta é a história de Janaina, uma jovem garotinha que resolveu entrar para o Ensino Superior e fazer uma faculdade de Letras em uma cidade no interior de Mato Grosso do Sul, para poder aprofundar no seu sonho de estudar literatura. A princípio, ela idealizou que o ambiente escolar seria o máximo: jovens no corredor declamando versos de Camões ou de Vinícius de Morais, haveria um clube de discussão literária sobre Machado de Assís e as pessoas conversariam apenas em línguas estrangeiras exóticas. Coitada.
Chegando à sala de aula, havia 40 vagas para o curso e somente 32 duas haviam sido preenchidas, ou seja: bastava assinar o vestibular para entrar. E no final deste causo, Janaina tinha certeza que um de seus colegas de classe errou na assinatura de seu nome. No primeiro dia, na hora das apresentações, o professor pergunta:
-Por que vocês estão fazendo este curso?
- Eu queria Geografia, mas não abriu turma.
- Eu queria História, mas não abriu turma.
- Eu não passei em Medicina Veterinária, minha primeira opção, e também não passei em Administração, minha segunda opção, então vim para este curso.
- Eu comecei a fazer Fisioterapia, mas achei muito difícil, então larguei e resolvi fazer um curso mais fácil neste ano.
Aquilo quebou o espelho subjetivo de Janaina com tanta força, que ela queria cortar os pulsos e sair correndo pelos corredores pelada.
Mas ela ainda iria persistir, faria o seu papel e foda-se os seus coleguinhas de classe. Havia muita gente boa sim, mas os poucos ruins, eram ruins demais. Um dia, o verdadeiro protagonista da estória, fez uma pergunta:
- Professor, para tudo! Não estou entendendo nada desse trem ae.
- Sim Josias, desde que ponto você não entendeu?
- Tudo! Esse lance ae de primeira pessoa do singular, segunda pessoal do plural, não entendi nada!
Apocalipse, please.
Haviam também os trabalhos em grupo. Houve um teatro em que era para Josias ser um personagem de Hamlet. A função dele no teatro era: você se esconde atrás da cortina, a Janaina vai te dar uma espadada, você cai no chão morto. Os outros membros do grupo já haviam recomendado para não deixar Josias com muitas falas, pois ele não dava conta de decorar, mas a coisa era pior do que aparentava.
Na hora do teatro, lá estava Josias escondido atrás da cortina, quando entra Janaína fantasiada de Hamlet. A protagonista começou a dar estocadas em Josias, mas este não fazia nada, andava de um lado para o outro atrás da cortina. Janaina continuou com as estocadas, e nada de Josias morrer. Janaina então percebendo que ele havia esquecido sua fala (cena), proclama para o público: “Então, eu matei este farsante!” e prossegue com o teatro, no improviso. Quatro cenas adiante, sai Josias de trás da cortina e fala:
-Ai gente, desculpa! Me deu branco e eu esqueci de morrer!
Apocalipse seguido de Dilúvio, please!
Teve também um trabalho em dupla. Como ninguém queria fazer com Josias, sobrou para Janaina fazer trabalho com ele. Para fazer com que Josias se sentisse útil, Janaina pediu que ele copiasse as respostas. Ditado vai ditado vem, chega um momento que Janaina fala:
- Então, Padre Antônio diz que eles eram bons ladrões entre aspas - e faz o gesto com os dedos - pois eles roubavam... - nisso seu olho dá uma escapulida para o texto que Josias copiava e vê que ele colocou parênteses no lugar - peraí, eu disse aspas.
- Pois é, eu coloquei as aspas - e Josias passa o lápis para mais uma camada de burrice por cima dos parenteses já traçados.
Apocalipse seguido de chuva de merda, please!
Ae chegou a aula de literatura, dia da ficha de leitura sobre o livro I-Juca Pirama. A professora pergunta:
-Pessoal, o autor cita o nome do protagonista do livro?
Uma aluna exemplar responde:
-Não cita não professora. Ele passa o livro inteiro sem dar nome pro índio e tal...
Até que Josias interrompe:
-Fala sim! – e continua vasculhando o livro, para tentar dar um palpite relevante na discussão e ganhar seus pontos – aqui ó, página 1 (até onde ele conseguiu ler), “seu nome, era icógnito”. Tá vendo, o índio se chamava Icógnito!
Apocalipse cristão, asteca e maia, seguido de dilúvio, please!
Houveram algumas manotas menores de Josias, como na aula de recurso anafórico em que estavam substituindo as repetições em um texto por pronomes e ele pergunta:
-Posso substituir cavalo pela palavra animal?
E teve também quando eles estavam cursando a aula de psicologia cognitiva e a professora falava sobre o déficit de atenção e Josias aproveitou esse gancho pra justificar sua burrice:
-Eu tinha isso quando eu era criança!
“Só quando você era criança?” Pensou a sala em conjunto.
No último dia de aula, um professor chamou a atenção de Josias e falou:
-Vou botar uma frase no quadro, se você me responder a pergunta que vou fazer corretamente, saio daqui feliz. – E o magister escreveu “João brigou com Maria” – Josias, qual o sujeito e o verbo nesta frase?
-Uai o sujeito é brigou? O verbo é Maria?
Apocalipse maia, asteca, inca, budista e cristão seguido de dilúvio e do show do Restart, please!
O professor achou que era zueira, mas não era.
Todos se formaram e Josias ficou pra trás. Mas ele sempre afirmava de pés juntos que já estava graduado e que só não tinha pego o diploma ainda pois estava devendo duas mensalidades na faculdade, que iria quitá-las para depois sair lecionando. LECIONANDO.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

#15 Um professor em siladas

*Esta história tem um conteúdo pornográfico imenso. Se você é menor de 18 anos de idade não leia esta postagem. Entre no site www.turmadamonica.com.br que lá é o seu lugar. Eu já não posso mais falar bobagem no facebook pq tem alunos e mãe de alunos me seguindo, então meu blog é o único lugar que eu posso xingar a vontade, não me tirem esse direito!
**É tudo ficção, já cansei de falar isso. Qualquer semelhança com nomes e personagens é mera coincidência.

Um professor em siladas

Ser professor não é para qualquer um. Ainda mais quando se tem seus vinte e poucos anos, recém formado, e é chamado para dar aula no Ensino Médio, onde os alunos diferem-se da sua idade por no máximo uns três ou quatro anos.
Aula vai e aula vem, tem sempre um demônio em cada sala. Mas havia uma sala em que o Rei dos Demônios habitava nela. Seu nome... era Capeta.
Primeiro dia de aula, chega o professor Lord Gago para lecionar numa turma nova de primeiro ano, na escola MonoCovarde. A turma parecia ser boa e interessada, mas até que um estudante alto, jeito molengo, entra com ar de realeza na sala, passando pelo professor sem falar nada, sentando-se na mesa, cruzando as pernas e com a voz mais ironica do mundo diz:
- Boa noite professor! Não vai me cumprimentar não? Prazer, meu nome é Capeta! Você é meio novo para dar aula não acha não?
Depois deste primeiro contato, já havia ficado bem claro para Lord Gago que aquele aluno significaria problema. Todo dia era uma piada nova: Capeta adorava narrar suas viagens, casos dos colegas de sala, as fofocas do recreio, imitar os professores, dentre outras peculiaridades. Uma coisa ninguém podia negar: o cara era um talento nato, melhor que todos os atores de Malhação e “humoristas” do Zorra Total juntos. Certo dia, na Semana Santa, uma estátua de uma santa iria visitar a escola e haveria uma novena no recinto. Lord Gago entra na sala e se depara com Capeta segurando uma vela vermelha:
- Professor, olha a minha vela.
Lord Gago, que já julgava ter intimidade com o aluno, resolveu dar trela:
- Guarda isso aí menino, vão achar que você é macumbeiro.
Nisso Capeta já bate na mesa e grita:
- Ahhhhh, então quer dizer que o preto é macumbeiro! Se fossem as menininhas branquinhas aqui com uma vela todo mundo estaria dizendo: “Nossa gente, olha lá que gracinha, tão devota essa menina!” – mas o preto não, o preto com vela é macumbeiro! O branco veste roupa branca “nossa gente, ele é doutor!” eu saio de branco na rua sou pai de santo...
Nisso ele criava um monólogo e a turma passava mal de rir e até Lord Gago caia na rede dele. Era talento demais para um aluno, se não pode contra ele, junte-se a ele, como já dizia Caio Fernando de Abreu.
Mas havia casos em que não dava para deixar Capeta fazer o que quisesse na sala de aula, pois suas gracinhas superavam alguns limites como no dia em que ele chegou na sala já cantando o ABC da Putaria: A de anal, B de buceta, C de caralho, D de deixa eu te comer, E de .... . Sem contar quando ele inventava crises epiléticas, botando meio palmo de língua pra fora, sacudindo a cabeça e babando por todos os lados. A cena era nojenta e causava vômitos. Depois de limpar o cuspe com a mão, ele ainda fazia questão de esfregar a mão lambuzada de cuspe no braço de um colega.
A máxima do Capeta foi quando um dia no meio da aula, ele gritou “Ai professor, gozei! Foi mal, não deu pra segurar, gozei!” Nisso Lord Gago olha para o menino com cara de espanto e ve que ele estava com um líquido branco escorrendo entre as mãos e no rumo da sua área pélvica. Assustado, o professor já começa a xingar:
- Que quê você fez criatura? Cade o respeito? Tem meninas na sala! Manera nesse seu vocabulário se não vou te mandar pra diretoria....
Nisso Capeta dá uma risada falsa e irônica e complementa:
- GOZEI COM A SUA CARA! Eu derramei cola no meu colo e você que tá pensando em bobagem!
Sala de aula 12.458 X 0 Lord Gago. Este foi o placar do duelo. Não tinha como enfrentar... o cara era um líder nato! Até o professor iria querer ser da sala dele para poder ficar rindo das gracinhas.
Quando Capeta faltava, a sala inteira ficava olhando pela janela, na esperança dele chegar correndo, dançando, pulando e interromper a aula. Sempre alguém puxava um flashback: “e no dia em que o Capeta dançou forró com a diretora?” “e no dia em que ele fez um teatro e ele era o personagem tal”... e assim proseguiam as lembranças, sempre seguidas de risos.
Mas um dia foi demais para Lord Gago. Estava este tentando ensinar pronomes reflexivos e o Capeta não calava a boca nem um minuto sequer e a sala nem notava a existencia de um professor parado ali na frente. O professor, então, apelou com ele e falou:
- Vocês vão ter que escolher, ou olham pra mim ou prestam atenção nas gracinhas do Capeta. Não consigo disputar com ele, esta é a matéria da prova de segunda e vocês não sabem ainda. Então escolham, não dou aula com vocês olhando pro Capeta.
A sala, ameaçada com a ameaça, focou-se no professor. Capeta, sem graça, ficou um tempo calado, até resolver conversar com seu reflexo no espelho, interpretando dois personagens:
- E aí cara, você vem sempre aqui?
- Sim e você?
- Sempre! Está gostando desta aula?
- Sim, mas o professor pegou no meu pé, e você?
- Eu já estudei isso na minha escola, é fácil esta matéria.
Lord Gago apelou com aquilo e mandou que Capeta desaparecesse da sua frente e fosse pra diretoria. Capeta pediu desculpas e prometeu comportar, mas enquanto o mestre escrevia no quadro, o aluno se levantou, estufou o peito e disse:
- Quer saber professor, eu vou sair! Não quero ficar mais nesta aula, cansei! - E Capeta sai trinfante pela sala de aula, até chegar na porta e complementar – tenho nojo desta sala de gente mesquinha e insignificante que não me compreende.
Para selar suas palavras, Capeta cospe no chão da sala e sai correndo, pulando o muro da escola em seguida. Lord Gago ficou sem palavras, demorando um pouco pra acreditar no que ele vira. Chamou a supervisora na sala e esta prometeu que puniria o aluno e que faria com que ele me pedisse desculpas.
Mas Capeta não voltou pra sala de aula... ele já sabia que começaria a trabalhar e mudaria de turno, por isso fechou o seu último dia na sala tatuando para sempre uma despedida na memória de seus colegas de classe. Lord Gago ainda tem vontade de um dia encontrar o Capeta na rua, para uma conversa casual sem o vínculo de professor/aluno. Com certeza ele vai rir pela primeira vez em liberdade.

* Eu sei que cilada é com C, há um trocadilho no título do texto que só quem fraga fraga

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

#14 - O misterioso sumiço das tremps

O misterioso sumiço das tremps


Há um ditado juvenil que diz: pais fora de casa, amigos fazendo festa dentro de casa. Foi este o cenário da dor de cabeça no dia seguinte na vida de Nelinho.
Estava ele fazendo um bico natalino de férias, muito entediado, até o momento em que alguns de seus amigos foram no hotel em que ele trabalhava fazer uma visita amigável. Conversa vai, conversa vem, o tempo passando mais rápido e nenhuma ideia de festa para aquela noite surgia. Até o momento em que o telefone faz o favor de tocar, anunciando as palavras que todo jovem gosta de ouvir: “Filho, eu e seu pai estamos indo viajar, vamos passar a noite fora, toma conta da casa okay?”.
Nem precisa dizer que este okay foi recheado da mais pura mentira negra. Mal acabara de botar o telefone no gancho e Nelinho já anunciava: festa na minha casa galera, a partir das 8 horas e sem horário para acabar.
Na mesma hora seus amigos já se espalharam e cada um foi pra sua respectiva casa tomar banho ou pegar dinheiro pra noitada. Outros nem isso fizeram e já resolveram subir direto acompanhando Nelinho. Em menos de uma hora, todo o gueto já estava avisado e geral já se reuniara pra subir o morro.
A festa foi como qualquer outra: gritos, brigas, pessoas tontas dando trabalho, pegação no sofá da sala etc. A primeira briga começou quando Wesley resolveu fazer gracinha e tacar água do potinho de guardar a escovinha de limpar o vaso sanitário no Ismael. Este, furioso, retribuiu jogando um copo de suco de açaí na camisa branca de Wesley. O coitado teve que pagar cinco reais para o Fudido levar ele em casa para trocar de roupa.
Algumas meninas estavam com uma brincadeira indecente de colocar alho, tampinhas de garrafas, rolhas e outros apetrechos nas bolsas uma das outras. Brincadeira mega infantil. Outros estavam ansiosos para irem na boate Death curtir um show da banda Tríade e alguns nem sabiam o que faziam naquela festa.
Quando a festa ficou desanimada, Nalore teve a compaixão de limpar o fogão que estava sujo graças ao macarrão que havia sido preparado ali e Nelinho pediu ao Leão que pusesse as tremps e as tampas de volta no lugar. Passado uns instantes, Leão chega pra Nelinho e avisa que ele havia encontrado apenas quatro das seis tremps. Como o pessoal estava todo indo embora pra porta da Death sem se despedir de Nelinho, este ignorou o sumiço das tremps e foi correndo com seus amigos curtir a vida adoidado.
Na porta do show, os festeiros encontraram mais alguns conhecidos, farrearam e depois partiram para suas moradas. Havia seis pessoas para irem embora no carro do Fudido, então a solução foi colocar o Jiraya no porta-malas. Nelinho voltou a pé, e quando chegou à sua casa já viu uns twittes de seus amigos: “A polícia barrou nois, e o Jiraya ta no porta-malas, tamo lascado” e um twitte do próprio Jiraya “Meu Kami-sama! A polícia parou a gente e eu to no porta-leo, o que será que está acontecendo?”.
Minutos depois o pessoal da carona chegaram ao seus lares e contaram que estavam felizes demais a cantar pelas ruas, até que a policia pediu que eles parassem e justificassem o motivo de tamanha alegria. “Por um acaso vocês sentaram em algo que deixaram vocês felizes?” perguntou o policial. A resposta dada por Lancelot foi lendária: “Nois tá é feliz seu moço!”. O guarda até desistiu de multá-los depois desta.
Nelinho começou a limpar a sua casa e foi dormir, até acordar no dia seguinte e lembrar que suas tremps haviam sumido. Sua mãe chegaria em poucas horas e se ela visse que faltava algo no fogão iria exigir uma desculpa pra tal sumiço e com certeza descobriria sobre a festa dada em seu lar durante a sua ausência. Puto, Nelinho começou a fazer um negro drama na internet e ligou para todos os convidados para ver se alguém tinha feito uma piadinha de péssimo gosto para zoá-lo. Por ter visto as meninas escondendo coisas na bolsa uma da outra, tinha 78% de certeza que alguém teria feito a mesma piadinha com as tremps. Sem contar que semanas antes algums amigos roubaram uns Pokemons do Telha, e este prometeu que em toda casa que ele visitasse depois disso iria catar algo insignificante e sem valor, para descontar os furtos cometidos na casa dele.
Os amigos negavam até a morte, enquanto Nelinho procurava também até a morte. Até que em sua jornada em busca das tremps ele achou uma latinha de cerveja vazia dentro do raque da sala. Aquilo foi a gota d’agua. Se alguém tinha tido a malícia de esconder uma latinha ali, roubar as tremps não seria nada comparado com as trollagens que ainda poderiam estar por vir.
Desesperado e tentando chantagear alguém até aparecer as tremps, Nelinho começou a acusar todo o mundo e exigiu que cada um pagasse um real para a compra de novas tremps. Mesmo assim ninguém assumiu o crime. Até procurar na sacolinha de lixo o coitado procurou, e nada. Sem contar que o povo ficava acusando os outros, o que deixava Nélio mais puto ainda. “Acho que o Brita de Pains levou elas, viu” “Acho que a Narelo botou na bolsa e levou”.
Tempos depois, um grupo de amigos resolveu ir até a sua casa para ver se achavam essas benditas tremps. Chegando lá eles procuraram em todos os lugares, e nada. Até que o grupo decide ir até a cozinha para restituir o crime. Nelinho narrava: “A Norela lavou e botou pra secar, Leão veio e terminou de limpá-las, enxagou as mesmas e botou de volta no fogão. Neste momento elas já haviam sumido”. Eles ficaram um tempo parados pensando até que a única mulher do grupo, a Anaconda, olha para o fogão e diz:
- Quem colocou estas tremps colocou errado.
Enquanto ela foi organizar as tremps, uma delas cai de dentro da outra. Os cinco ficaram atônitos com tamanha idiotisse e foram embora sem falar nada. O idiota do Leão, quando foi botar as tremps, nem notou que havia dois pares de tremps garradas uma na outra e já foi botando-as no fogão.
Ninguém comentou mais sobre o fato de tão vergonhoso que ele havia sido para todos, até o momento que o Brita resolve ligar a webcan e mostrar as tremps do fogão da casa dele falando “seu bobão, as tremps estão comigo”. Mas o caso já havia sido solucionado e Nelinho agradeceu a Deus por Brita ter feito essa brincadeira tarde demais, senão ele já teria desistido da vida bem antes e iria viajar até Pains para buscar essas tremps de volta atoa.