segunda-feira, 7 de novembro de 2011

#14 - O misterioso sumiço das tremps

O misterioso sumiço das tremps


Há um ditado juvenil que diz: pais fora de casa, amigos fazendo festa dentro de casa. Foi este o cenário da dor de cabeça no dia seguinte na vida de Nelinho.
Estava ele fazendo um bico natalino de férias, muito entediado, até o momento em que alguns de seus amigos foram no hotel em que ele trabalhava fazer uma visita amigável. Conversa vai, conversa vem, o tempo passando mais rápido e nenhuma ideia de festa para aquela noite surgia. Até o momento em que o telefone faz o favor de tocar, anunciando as palavras que todo jovem gosta de ouvir: “Filho, eu e seu pai estamos indo viajar, vamos passar a noite fora, toma conta da casa okay?”.
Nem precisa dizer que este okay foi recheado da mais pura mentira negra. Mal acabara de botar o telefone no gancho e Nelinho já anunciava: festa na minha casa galera, a partir das 8 horas e sem horário para acabar.
Na mesma hora seus amigos já se espalharam e cada um foi pra sua respectiva casa tomar banho ou pegar dinheiro pra noitada. Outros nem isso fizeram e já resolveram subir direto acompanhando Nelinho. Em menos de uma hora, todo o gueto já estava avisado e geral já se reuniara pra subir o morro.
A festa foi como qualquer outra: gritos, brigas, pessoas tontas dando trabalho, pegação no sofá da sala etc. A primeira briga começou quando Wesley resolveu fazer gracinha e tacar água do potinho de guardar a escovinha de limpar o vaso sanitário no Ismael. Este, furioso, retribuiu jogando um copo de suco de açaí na camisa branca de Wesley. O coitado teve que pagar cinco reais para o Fudido levar ele em casa para trocar de roupa.
Algumas meninas estavam com uma brincadeira indecente de colocar alho, tampinhas de garrafas, rolhas e outros apetrechos nas bolsas uma das outras. Brincadeira mega infantil. Outros estavam ansiosos para irem na boate Death curtir um show da banda Tríade e alguns nem sabiam o que faziam naquela festa.
Quando a festa ficou desanimada, Nalore teve a compaixão de limpar o fogão que estava sujo graças ao macarrão que havia sido preparado ali e Nelinho pediu ao Leão que pusesse as tremps e as tampas de volta no lugar. Passado uns instantes, Leão chega pra Nelinho e avisa que ele havia encontrado apenas quatro das seis tremps. Como o pessoal estava todo indo embora pra porta da Death sem se despedir de Nelinho, este ignorou o sumiço das tremps e foi correndo com seus amigos curtir a vida adoidado.
Na porta do show, os festeiros encontraram mais alguns conhecidos, farrearam e depois partiram para suas moradas. Havia seis pessoas para irem embora no carro do Fudido, então a solução foi colocar o Jiraya no porta-malas. Nelinho voltou a pé, e quando chegou à sua casa já viu uns twittes de seus amigos: “A polícia barrou nois, e o Jiraya ta no porta-malas, tamo lascado” e um twitte do próprio Jiraya “Meu Kami-sama! A polícia parou a gente e eu to no porta-leo, o que será que está acontecendo?”.
Minutos depois o pessoal da carona chegaram ao seus lares e contaram que estavam felizes demais a cantar pelas ruas, até que a policia pediu que eles parassem e justificassem o motivo de tamanha alegria. “Por um acaso vocês sentaram em algo que deixaram vocês felizes?” perguntou o policial. A resposta dada por Lancelot foi lendária: “Nois tá é feliz seu moço!”. O guarda até desistiu de multá-los depois desta.
Nelinho começou a limpar a sua casa e foi dormir, até acordar no dia seguinte e lembrar que suas tremps haviam sumido. Sua mãe chegaria em poucas horas e se ela visse que faltava algo no fogão iria exigir uma desculpa pra tal sumiço e com certeza descobriria sobre a festa dada em seu lar durante a sua ausência. Puto, Nelinho começou a fazer um negro drama na internet e ligou para todos os convidados para ver se alguém tinha feito uma piadinha de péssimo gosto para zoá-lo. Por ter visto as meninas escondendo coisas na bolsa uma da outra, tinha 78% de certeza que alguém teria feito a mesma piadinha com as tremps. Sem contar que semanas antes algums amigos roubaram uns Pokemons do Telha, e este prometeu que em toda casa que ele visitasse depois disso iria catar algo insignificante e sem valor, para descontar os furtos cometidos na casa dele.
Os amigos negavam até a morte, enquanto Nelinho procurava também até a morte. Até que em sua jornada em busca das tremps ele achou uma latinha de cerveja vazia dentro do raque da sala. Aquilo foi a gota d’agua. Se alguém tinha tido a malícia de esconder uma latinha ali, roubar as tremps não seria nada comparado com as trollagens que ainda poderiam estar por vir.
Desesperado e tentando chantagear alguém até aparecer as tremps, Nelinho começou a acusar todo o mundo e exigiu que cada um pagasse um real para a compra de novas tremps. Mesmo assim ninguém assumiu o crime. Até procurar na sacolinha de lixo o coitado procurou, e nada. Sem contar que o povo ficava acusando os outros, o que deixava Nélio mais puto ainda. “Acho que o Brita de Pains levou elas, viu” “Acho que a Narelo botou na bolsa e levou”.
Tempos depois, um grupo de amigos resolveu ir até a sua casa para ver se achavam essas benditas tremps. Chegando lá eles procuraram em todos os lugares, e nada. Até que o grupo decide ir até a cozinha para restituir o crime. Nelinho narrava: “A Norela lavou e botou pra secar, Leão veio e terminou de limpá-las, enxagou as mesmas e botou de volta no fogão. Neste momento elas já haviam sumido”. Eles ficaram um tempo parados pensando até que a única mulher do grupo, a Anaconda, olha para o fogão e diz:
- Quem colocou estas tremps colocou errado.
Enquanto ela foi organizar as tremps, uma delas cai de dentro da outra. Os cinco ficaram atônitos com tamanha idiotisse e foram embora sem falar nada. O idiota do Leão, quando foi botar as tremps, nem notou que havia dois pares de tremps garradas uma na outra e já foi botando-as no fogão.
Ninguém comentou mais sobre o fato de tão vergonhoso que ele havia sido para todos, até o momento que o Brita resolve ligar a webcan e mostrar as tremps do fogão da casa dele falando “seu bobão, as tremps estão comigo”. Mas o caso já havia sido solucionado e Nelinho agradeceu a Deus por Brita ter feito essa brincadeira tarde demais, senão ele já teria desistido da vida bem antes e iria viajar até Pains para buscar essas tremps de volta atoa.

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